Nesta entrevista à Revista Automotive Ricardo Damião, gerente da Cepcar (na foto junto com Luciana Marques, diretora financeira), faz um balanço da actividade da empresa, recorda a história desde a sua fundação em 1985 e perspectiva quais vão ser os próximos projetos.
Com sede em Turquel, “a Cepcar começou a trabalhar desde há quatro meses com a marca XCMG, tendo vendido 45 máquinas neste espaço de tempo, o que é um excelente resultado para tão pouco tempo. A expectativa é a de mantermos este ritmo de vendas, pois estamos todas as semanas a realizar novos negócios com a XCMG”.
A nossa relação com a marca XCMG começou quando há cerca de dois anos adquirimos cerca de 7 máquinas num importador fora do nosso país, para uma situação pontual. Procurávamos uma solução pois, como também temos frota de aluguer, estávamos a ficar sem equipamento. Aproveitámos o facto de o mercado estar em alta, para assim comercializarmos as máquinas usadas que tínhamos na frota de aluguer. Isto permitiu-nos colocarmos à venda algumas máquinas novas, principalmente algumas marcas que representávamos na altura”, revela Ricardo Damião.
Quando as máquinas usadas chegaram, “preparámo-las para a nossa frota de aluguer, mas a procura na altura era de tal ordem que acabámos por vender as máquinas em apenas dois meses”.
“Foi quando o responsável da fábrica solicitou uma reunião para podermos realizar um negócio pontual, cerca de 56 equipamentos. Nessa reunião, fomos convidados para ser o importador da marca em Portugal. Analisámos as várias implicações e oportunidades do negócio e no final, aceitámos o convite”, adianta o responsável da Cepcar.
“Após o contrato, adquirimos mais 70 máquinas. Algumas já estão nas nossas instalações e outras estão a caminho, com vistas a satisfazer o crescimento semanal, sobretudo nas miniescavadoras. Além destas máquinas, vamos trazer alguns equipamentos pesados, mas não queremos entrar em choque com a marca Hidromek, na gama pesada.
A história da Cepcar
A Cepcar está há 33 anos no mercado, tendo sido adquirida em 2005 sob a minha gerência. A Cepcar era uma pequena empresa que estava vocacionada para aquisição de camiões e empilhadoras. Tinha uma facturação de cerca 250 mil euros/ano.
Na altura, decidi concentrar todo o negócio que tinha de maquinaria usada e aluguer dentro da Cepcar. Em 2014/2015 procurei uma marca que fornecesse equipamento novo. Estávamos um pouco cansados só do negócio do equipamento usado e queríamos crescer mais e marcar a diferença. Assim, acabamos por adquirir empresas e, em simultâneo, desenvolver o negócio com os equipamentos novos”, recorda.
Na sequência dessa decisão “adquirimos 50% de uma empresa que se chama 2AB2 e fizemos um memorando com a Hidromek, em 2017. A Cepcar ficaria a distribuir a Hidromek no Centro e Norte e ilhas. E a 2AB2 ficaria a distribuir nas regiões Centro e Sul. Essa parceria durou até 2021. Nessa altura chegámos à conclusão de que a Cepcar poderia desenvolver mais a Eurocomach, principalmente na gama pesada e assim dinamizar um mercado completamente diferente. Por sua vez, a Key Corporation acabou por adquirir 50% da 2AB2”, sublinha Ricardo Damião.
Presença em todo o país
Neste momento “trabalhamos em todo o país, temos uma rede de distribuição bem implementada, onde contamos com 10 distribuidores. Temos mais seis distribuidores na gama Hidromek e XCMG”.
Ricardo Damião realça as boas perspectivas que o mercado está a oferecer, “tanto à Cepcar como à concorrência. O mercado tem sido muito bom nos últimos quatro anos e isso faz com que as empresas cresçam. Podemos entrar em certos mercados, conhecer novos clientes, desenvolver a nossa atividade de uma forma mais credível”.
“Houve um grande investimento no pós-venda neste último ano”. E revela que “de todas as máquinas que foram comercializadas pela Cepcar, nenhuma está parada por falta de peças. Para nós, o cliente tem de ter a máquina na obra, sempre a trabalhar. Quando analisamos um parceiro de negócio, analisamos mais pela capacidade do seu pós-venda do que pela venda concreta”.
Hidromek
A Cepcar comercializa a gama completa da Hidromek em exclusivo para Portugal. “Dispomos de alguns modelos em que o mercado português não as consome com tanta frequência e não justifica estarmos a fazer muito stock. A Hidromek tem, na sua gama, pás carregadoras, niveladoras, cilindros, bem como mini retroescavadoras, retroescavadoras, escavadoras de rodas e de rasto”.
Este ano a Cepcar prevê “trazer para o nosso stock o modelo 65, a 62T que é a mini-escavadora de rastos. Também teremos a o modelo H4 da escavadora de rodas e esperamos ter duas ou três máquinas em Portugal ao longo deste ano.”
A grande vantagem que a Hidromek tem neste momento em Portugal, “é que quem utiliza estas máquinas na escavação, conhece perfeitamente e sabe a mais-valia que a marca tem. Penso que é a única marca que dá cinco anos de garantia”, salienta.
O responsável da Cepcar também revela que vão iniciar em breve “as operações de pós-venda à distância. Já estamos a contactar alguns clientes que têm máquinas nossas. Desta forma podemos resolver um problema de um determinado cliente em 20 minutos, sem sairmos do nosso espaço e o cliente não estar à espera (em especial nas ilhas) durante três dias de um técnico para desbloquear a sua máquina.
Já estamos em negociações com dois ou três clientes. A partir deste ano, as máquinas que vêem de fábrica, já vão vir com esse equipamento. E durante os dois primeiros anos, o cliente vai ter este serviço de desbloqueio à distância. Passados dois anos, o cliente paga uma licença anual para prestarmos a assistência. Com este serviço, conseguimos identificar o problema à distância e resolvê-lo, caso seja um problema eletrónico. E se for preciso substituir uma peça, o técnico já a leva das nossas instalações, para prestar o serviço especializado ao equipamento.
Perspetivas no futuro
Atualmente contamos com uma equipa de 22 colaboradores e precisamos de mais pessoas na empresa. Temos uma serralharia e aí temos alguns serralheiros a fazer o nosso trabalho internamente. Continuamos a ter dificuldade em encontrar pessoas que queiram trabalhar connosco, na nossa área de negócio. Por exemplo, necessitamos de um engenheiro técnico a tempo inteiro, pois só dispomos de um a meio tempo. Precisamos também de mais um ou dois mecânicos.
Estamos a negociar com duas ou três marcas, não concorrentes das marcas que temos, mas com outro portfólio de produtos na parte usada, porque temos muita procura. Neste nosso mercado não há meses estáveis. Temos de aproveitar aquilo que o mercado nos permite desenvolver. Se o mercado não nos dá negócio, temos de procurar negócio. Por isto, estamos sempre atentos naquilo que o mercado nos transmite, não naquilo que a comunicação de massa nos quer transmitir”, conclui Ricardo Damião.