Entidade responsável em Portugal para gerir o Sistema Integrado de Gestão de Veículos em Fim de Vida (SIGVFV) e o Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Baterias e Acumuladores (SIGRBA), a Valorcar realizou o seu encontro anual, onde apresentou os resultados das suas atividades mais recentes, e fez um breve balanço do ano de 2022.
Prestes a completar 20 anos de existência (foi constituída em agosto de 2003) a Valorcar tem pela frente muitos desafios no âmbito da sua atividade, sobretudo porque o parque circulante nacional está cada vez mais envelhecido, quer por uma menor renovação do parque, quer pelo expressivo aumento da importação de veículos usados, com idade média superior aos 7 anos.
No evento, participaram responsáveis da Valorcar, ACAP e APA. O secretário-geral da ACAP alertou para “a necessidade de se exigir o pagamento da taxa de ecovalor, também para veículos usados importados, que representaram 113 mil unidades que ingressaram no parque circulante nacional, o que corresponde a 75% dos veículos colocados no mercado em 2022”.
Por sua vez, Ana Cristina Carrola, da Agência Portuguesa do Ambiente, abordou a importância da economia circular e, José Amaral, diretor da Valorcar, apresentou em resumo, os indicadores da entidade em 2022, bem como as atividades em 2023, com especial relevo para o fato de a rede da Valorcar ter ultrapassado a marca de 350 centros.
“No ano passado, foram admitidos mais 57 centros de abate de Veículos em Fim de Vida (VFV) e de recolha de Resíduos de Baterias e Acumuladores (RBA), além de 21 centros adicionais de recolha de Resíduos de Baterias e Acumuladores (RBA). Assim, a rede Valorcar passou a ser composta por 370 centros de recolha de Resíduos de Baterias e Acumuladores (RBA), distribuídos por todos os distritos do continente (351), bem como pelas regiões autónomas dos Açores (12) e da Madeira (7)”, revelou José Amaral.
Idade média aumentou
Dados públicos da entidade, indicam que durante o ano de 2022 foram entregues para abate nos centros da REDE VALORCAR um total de 109.475 VFV, valor que corresponde a um aumento de 0,5% face ao ano anterior (+573 VFV) e que permitiu registar o valor mais elevado de sempre.
Cerca de 85,7% dos VFV abatidos a nível nacional eram da categoria M1 e 14,3% da categoria N1. Como curiosidade, a entidade registou um largo espetro de distribuição etária entre os VFV recebidos, com uma diferença de 71 anos entre o VFV mais novo e o VFV mais velho.
Manteve-se igualmente a tendência de aumento da idade média dos VFV abatidos, ficando este valor nos 23,8 anos em 2022. De acordo com os dados da ACAP, a idade média do parque automóvel nacional também tem vindo a aumentar, tendo em 2022 sido de 13,4 anos (veículos ligeiros).
Mais abates e mais reciclagem
Também no ano passado, foram abatidos em Portugal veículos em fim de vida de 137 marcas diferentes, algumas das quais já não são comercializadas no país, como a TALBOT, a EBRO ou a PORTARO (designados VFV órfãos). A distribuição do número de VFV por marcas manteve-se sensivelmente idêntica face a 2021 com a Renault, a OPEL e a FIAT a ocuparem as três primeiras posições.
O peso médio dos VFV recebidos foi de 992 kg por veículo. Este valor aumentou em cerca de 7 kg, face a 2021. Deste modo, aos 109.475 VFV recebidos na rede Valorcar em 2022 corresponderam mais de 108 mil toneladas de material para gerir. Este valor representou um aumento de 1,2% face a 2021.
Os materiais que têm maior número de destinatários são os plásticos, com 57, seguidos dos pneus, com 39, e das carcaças com 35, excluindo-se as transferências entre centros da REDE VALORCAR. Registou-se ainda 7 materiais com gestão exclusivamente nacional: pneus, vidros, filtros, fluído de travões, óleos, líquido de refrigeração e fluido do ar condicionado.
Metas e prémios
Em 2022 foram atingidas taxas de reutilização/reciclagem de 89,1% e de reutilização/valorização de 92,2% (peso médio de cada VFV que é reaproveitado). Estes resultados permitiram cumprir a meta de reutilização/reciclagem de VFV prevista na legislação nacional e comunitária (85%), mas ficaram aquém da meta de reutilização/ valorização (95%).
No encontro, também foi anunciado o início do processo de acreditação de centros para a recolha e desmantelamento de baterias de lítio de veículos elétricos e híbridos, bem como a inclusão do desempenho dos fragmentadores na declaração anual de cumprimento das metas de reciclagem e valorização.
De referir que a Valorcar foi distinguida em 2022 com o Prémio Ambiente, atribuído pela Revista Automotive, por ter reciclado mais de 108 mil veículos em 2021, e por ter alcançado a marca histórica de 1 milhão de veículos reciclados em Portugal.