A geração Scania Super foi lançada em 2022, mas vem aí uma nova atualização e a Revista Automotive não quis perder a oportunidade de testar o novo camião da geração Scania Super.
Em contexto de autoestrada, desde a sede da Scania em Vialonga, conduzimos o novo modelo desta geração equipado com o motor 460cv e batizado com o nome de Pollux. Apesar de ter sido um breve contato, foi possível identificar e sentir as evoluções da nova geração em termos de motorização, chassis, componentes da cadeia cinemática e outras novidades em tecnologia e assistência à segurança. Mas vamos aos pormenores.
Esta nova geração de camiões chega com o intuito de ser ainda muito poupada nos consumos. Para que não fiquem dúvidas, em média, esta nova geração Super consome menos 8% face à geração anterior e, sublinhe-se, a qual já era considerada muito eficiente pelos seus consumos baixos. Como parar não é o lema da Scania, os engenheiros da marca “meteram mãos à obra” e assim conseguiram alcançar um novo feito: elevar a fasquia no que respeita ao consumo de combustível.
Gestão mais avançada do motor
Ainda este ano será lançada esta atualização voltada para o aperfeiçoamento do software e da caixa de velocidades que, visivelmente, não revela possuir nenhuma novidade em relação ao modelo anterior: a cabine, os interiores e todas as estruturas do chassi são iguais, mas o melhor nem sempre é visível aos nossos olhos. Por isso, e desta vez, as modificações incidiram sobretudo na gestão do motor e na caixa de velocidades.
E, por falar em gestão do motor, esta é notória quando se conduz, em parte, devido ao novo programa desenvolvido cuja opção permite ao motorista configurar o programa ECO no painel de instrumentos, constituído por três níveis, sendo o nível 3 o que privilegiará a economia de combustível.
Em termos práticos é mais complexo ao motorista compreender certas dinâmicas do camião ou do próprio sistema durante a condução visto que, ao optarmos pela utilização do cruise control e uma velocidade média de 82 km/h, toda a gestão da caixa de velocidades será feita de forma automática pelo camião a partir destas indicações. Pode acontecer que o motorista tenha a expectativa de que o camião acelere numa subida, quando ele, na verdade, entra em modo neutro.
De forma inversa, poderá ser expetável que o camião entre em modo neutro, mas, neste caso, o sistema irá engatar a décima segunda mudança ou ainda esperar que ele engate a décima segunda mudança e, na verdade, entrar em overdrive. Ou seja, num primeiro contacto, estas evoluções irão exigir alguma adaptabilidade, mas não há como o negar, toda esta gestão melhora os consumos, assim como aproveita muito mais a inércia do camião em andamento.
Para a realização do nosso teste, a unidade estava equipada com um semirreboque tipo isotérmico, carregado com 40 toneladas. Desde logo é bem percetível a força desta unidade tratora da Scania Super, pois geriu muito bem o peso total do veículo nos diversos declives que percorremos em autoestrada. O mesmo se notou no tocante à gestão da distância do veículo à frente, deixando de existir uma diferença considerável no sistema, e que anteriormente era bem visível.
Existe, no entanto, um aspeto que pode ter duas perspetivas: como ponto negativo ou um senão e ponto positivo ou vantagem. O senão reside na eventualidade do motorista se encontrar numa estrada com muito trânsito, mas também poderá ser visto como uma grande vantagem se a estrada em questão tiver pouco trânsito.
Modo ECO
Passemos à explicação: o cruise control, ao ser colocado no modo ECO, efetuará uma gestão mais eficiente e, ao percorrermos uma subida, por exemplo, o sistema reduzirá a velocidade de 82 km/h para os 60 km/h com o objetivo de poupar o combustível. Claro que se a estrada apresentar muito tráfego poderá ser o tal senão, pois iremos encontrar um camião lento a subir, o que poderá baralhar a dinâmica de condução. Contudo, poderemos voltar a recuperar a velocidade e o tempo de condução, entre outros aspetos, assim que voltarmos a circular por estradas planas e/ou declives.
É, de fato, um camião para ser bem explorado pelo motorista e deixamos a nota de que, provavelmente, uma formação mais aprofundada tornará a condução mais eficiente, pois se gerir os antigos sistemas da geração Super não era simples, esta atualização exigirá muito mais atenção ao motorista relativamente aos consumos que, neste camião, já é possível baixá-los até aos 10% face à geração anterior. Au seja, a geração Super já tinha conseguido diminuir a poupança de combustível em 8%, com esta atualização ganhou mais de 2%.
A unidade ensaiada pela Automotive vinha equipada com o sistema CRB, sem retarder, diminuindo assim, 150 kg na unidade tratora. Para os transportadores que não façam percursos numa topografia muito acentuada, isto é, com grandes descidas, o CRB é mais do que suficiente para travar o camião, ajudando na capacidade de carga, pois tem disponíveis mais 150 kg. Conta, ainda, com um excelente binário, atingindo apenas 790 rotações/minuto, numa décima segunda velocidade a 82 km/h (fator inquestionável de poupança de combustível, sublinhe-se).
A salientar: o som. Apesar de não ser um motor V8, este veículo apresenta um som de funcionamento muito idêntico, tornando esta geração de camiões Super a mais indicada para os amantes de camiões com um som mais altivo, pois o motor responde com um som característico à aceleração e à força quando necessária numa subida, por exemplo.
Consumo exemplar
Já em velocidade cruzeiro, o Super apresenta uma excelente insonorização, sendo assim considerado um camião silencioso. Desta forma, podemos dizer que consegue agradar a Gregos e Troianos, aos motoristas amantes do som (basta carregar um pouco mais no acelerador) e aos que preferem a tranquilidade na condução, sem deixar de manter todas as suas qualidades, quer a nível da insonorização, conforto a bordo (mesmo depois de longas horas ao volante), espaço e interação com os sistemas, todos muito intuitivos.
O nosso teste fixou um consumo de 25,6 litros/km, num percurso de curta duração. Podemos extrapolar que, num percurso de Lisboa-Madrid ou Madrid-Lisboa, este consumo deverá baixar consideravelmente. No entanto, não deixa de ser um bom indicador que promete tornar o Scania Super R 460 uma referência dentro dos camiões com motor a diesel, nas frotas nacionais e internacionais.