Um dos maiores construtores chineses de automóveis, a BYD (Build Your Dreams), entrou no mercado nacional através da Salvador Caetano, representante exclusivo da marca no nosso país.
Junho foi um mês recorde para as vendas de veículos eletrificados (VE) mundiais da BYD, ultrapassando pela primeira vez as 250 mil unidades, com um volume de vendas acumulado de 1,25 milhões de unidades no primeiro semestre de 2023. Este aumento de vendas acelerou um crescimento anual de 96%. O estímulo à procura de automóveis BYD tem sido potenciado por uma série de lançamentos de produtos na Europa, nos primeiros 6 meses deste ano, no qual o “ponta de lança” tem sido o modelo ATTO 3.
As marcas automóveis chinesas já tinham iniciado as sua vendas em Portugal, mas a chegada em força da BYD representa um “novo tempo” para o mercado automóvel nacional, ávido de eletrificação, mas com pouca oferta de facto, quer em termos de preços, quer em termos de stock de veículos. Com a BYD, esse tempo de escassez deverá acabar, até porque é a marca que lidera a venda de VE na china há 9 anos consecutivos.
Por mais que as marcas europeias ou americanas tentem chamar para si os louros da eletrificação automóvel, o facto é que a China tem sido temporalmente mais eficaz na eletrificação, inclusive na infraestrutura, contando com cerca de 1,76 milhões de estações de carregamento para VE. Na Europa, os números mais fiáveis indicam cerca de 500 mil estações (contando com a Turquia) e nos Estados Unidos da América esse número ronda os 128 mil pontos de carregamento.
Ao longo dos últimos 20 anos os chineses tornaram-se especialistas em VE, enquanto o país domina a produção de quase todos os recursos, materiais e componentes usados para fabricá-los.
Tempo de mudança
Citado recentemente pelo Financial Times, Michael Shu, responsável europeu da BTD, referiu sorridentemente que “queremos estar entre as três principais marcas na Europa até o final da década e, se possível, sermos a número um”. A mesma fonte, cita Herbert Diess, ex-presidente-executivo da Volkswagen, referindo que este é o tempo da Volkswagen começar a temer as marcas chinesas, em especial a BYD.
Utilizando o mote do “tempo” e do “sorriso”, convidámos dois especialistas dessas áreas para testarem o BYD ATTO3 e darem a sua opinião. A começar pelo tempo (pois é a partir dele que tudo se cria), Nuno Margalha, psicólogo clínico, bem como fundador e diretor do Instituto Português de Relojoaria, que esteve ao volante deste BYD e transmitiu-nos as suas impressões:
“Esta é uma marca desconhecida, mas gostei logo do visual externo desde ATTO 3. É bastante condizente com a estética europeia, e quando entramos no carro esse visual fica ainda mais atrativo, com interiores muito agradáveis principalmente ao toque. É um carro alegre, no seu todo.
Sou um utilizador de VE. Noto que muito do funcionamento desde BYD é similar ao carro que tenho. Contudo, este modelo da marca BYD difere pela positiva nos sistemas de assistência à condução e nas tecnologias de infotainment, embora constatei que a conexão com o smartphone Apple, e as suas aplicações, apresentou alguma dificuldade no decorrer deste meu teste.
Ergonomia e paralelismo
Em termos dinâmicos, gostei da suavidade e conforto na condução, bem como do modo sport, que revelou ser bastante responsivo. A ergonomia deste carro está bem desenvolvida, e apesar de ser uma pessoa relativamente alta, não tive problemas em ajustar-me nos bancos, tanto no posto de condução, como nos lugares traseiros, que apresentam um desenho moderno, e com bons acabamentos.
Como atuo numa área especifica da relojoaria, sei por experiência própria que os apaixonados pelos relógios, geralmente também têm uma paixão natural pelos automóveis, pois esses dois mundos partilham muito do desenvolvimento mecânico, tecnológico e de visual, entre si. Não diria que este BYD desperte paixões, mas é um automóvel muito equilibrado em quase todos os aspetos que igualmente aprecio num relógio, com o fator de distinção que é a sua boa autonomia de 420 km.
É verdade que antes de iniciar este teste ao BYD, recebi um briefing por parte da Revista Automotive que muito me ajudou a compreender o progressivo avanço e renovação das marcas automóveis chinesas, bem como o cuidado pela qualidade e a autonomia dos seus modelos, fatores fundamentais para poderem ombrear com as marcas europeias, em termos de carros elétricos.
Numa primeira análise, parece existir um certo paralelismo com o mundo dos relógios. As marcas asiáticas dominaram o mercado relojoeiro com a tecnologia de quartzo, deixando a tradicional indústria relojoeira europeia numa crise profunda, que demorou muito tempo para se reinventar.
Talvez esteja a ocorrer o mesmo em termos de modelos automóveis, sendo este um tema que poderemos voltar a debater mais à frente, se vier a ter o prazer de voltar a ser convidado pela Revista Automotive”, sublinhou Nuno Margalha, abrindo assim espaço para novas abordagens ao tema.
Prazer na condução
Quanto ao “sorriso” (sinónimo de felicidade e razão pela qual vale a pena ter tempo) convidámos Duarte de Bragança Bruschy, médico dentista de referência na Clínica Alcoforado, que após mais uma intensa jornada de trabalho, aceitou dedicar o seu fim de tarde para conduzir este modelo ATTO3, da BYD, desde Lisboa (sede da clínica) até o concelho de Oeiras, sede da Revista Automotive.
Graças à boa insonorização deste modelo 100% elétrico, foi possível realizar uma condução sem stress e desenvolver uma conversa alegre, onde referiu que “na medicina dentária procuramos primeiramente cuidar a 100% da saúde do paciente para, posteriormente, alcançarmos a melhor estética. Trabalho há alguns anos na Clínica Alcoforado, que é reconhecida pelos seus elevados padrões de qualidade, atuando em várias especialidades da medicina dentária.
Queremos proporcionar o melhor para os nossos pacientes, com conforto, segurança e bem-estar. Sei que é difícil transportar estes aspetos para o mundo automóvel, visto que nem sempre uma estética bem conseguida num modelo, poderá ter um reflexo direto de boa funcionalidade.
Estreia
Exemplo disso são os carros elétricos, que na sua maioria destoam pelo visual pouco atrativo. No entanto, este modelo ATTO 3 parece romper com esse estigma, apresentando desde logo um desenho exterior muito moderno, atrativo e equilibrado. Com este teste proporcionado pela Revista Automotive, faço a minha estreia ao volante de um carro 100% elétrico, iniciativa que vem acrescentar um novo saber na minha experiência de condução automóvel.
Ao contrário do que pensava, foi muito fácil adaptar-me. Tanto a condução deste BYD é intuitiva e confortável, como as várias tecnologias disponíveis facilitaram este meu primeiro contacto com um carro 100% elétrico e com a marca BYD. Trabalho com equipamentos de elevada precisão médico-dentária, e por isso dou muito valor às tecnologias funcionais, como é o caso do ecrã central desde modelo, que pode ser utilizado quer na vertical, quer na horizontal.
Ainda nas tecnologias, destaco a interação com o smartphone Android, que se faz de forma rápida e sem complicações. Um aspeto mais analógico que apreciei deste carro, foram os materiais do interior. São muito agradáveis ao toque e esteticamente bem montados. Tenho muitas dúvidas quanto à sua durabilidade, mas isso será o tempo a comprovar, tendo em conta que é uma marca nova no mercado português.
Moro e trabalho no centro de Lisboa, mas também faço frequentemente viagens mais longas pelo que a utilização de um carro 100% elétrico tem de estar ajustada ao meu modo de vida, pelo que este modelo ATTO 3 passa a ser uma opção a considerar, graças ao teste que realizei e também pela sua autonomia. Para concluir, diria que este carro é capaz de proporcionar um sorriso de satisfação a quem puder passar mais tempo com ele”; destacou Duarte de Bragança Bruschy.