Para realizar o assessment do novo Lexus RZ 450e, a Revista Automotive convidou Vasco Pacheco, gestor numa empresa de nutrição animal, bem como professor de economia e gestão. O profissional transmitiu-nos assim, as suas sensações de estar ao volante do primeiro carro 100% elétrico construído de raiz pela Lexus:
“Quando me fizeram o convite para testar um carro elétrico fiquei muito reticente. A minha preferência atualmente tem sido por carros mais antigos do que novos, porque nos novos tem-se perdido a “personalidade” de cada marca, o que afeta a sensação de condução. Habitualmente faço 50.000 km por ano, mas ultimamente tenho tido um ritmo diferente e baixado para os 30.000 km/ano. Utilizo a viatura para trabalho e passeio, assim preciso de versatilidade, conforto e segurança.
Assim que entrei neste carro senti que se me tapassem o logotipo do volante, eu mesmo assim iria saber que estou dentro de um carro do grupo Toyota. Mantém algumas referências e tem alguns pormenores, como as condutas de ar, os formatos dos botões, que nos transmitem essa informação já gravada anteriormente na nossa mente. Deixou-me logo confortável. Há marcas que quando avançam para a eletrificação acabam por “desfigurar” o carro, perdendo assim a identidade tão característica da marca.
Interessante que me sentei no carro e ajustei muito pouco o banco. A ergonomia da posição de condução está bem conseguida e fiquei logo bem posicionado. Só tive de baixar o volante para conseguir ver a totalidade do painel de instrumentos, que está um pouco escondido.
Teste dinâmico
Ao conduzi-lo vi-me perfeitamente com um carro destes no dia-a-dia, porque este Lexus transmite uma ótima sensação de condução. Gosto da sensibilidade do travão, pensei que seria mais brusco. A sensação que tenho de desaceleração é igual a que tenho num carro a combustão. A direção é bastante precisa e não é demasiado leve. Gosto dos comandos do volante, com botões mais tradicionais e muito fáceis de gerir. Os botões demasiados touchscreen dão uma sensação de fragilidade. Gosto de sentir botões físicos, transmitem robustez. O volante deste RZ 450e é fora de série. Os comandos são intuitivos e virados para o condutor.
Tem muitos sistemas de auxílio à condução, vários deles são interventivos. No entanto, podem ser desligados se o condutor considerar que são demasiado interventivos. Interessante que fiz um percurso habitual, e este Lexus reconhece as faixas de rodagem onde o meu carro não consegue. Percebe-se que os sensores deste Lexus estão mais avançados.
Testei os cinco modos de condução: Eco, Normal, Sport, Range (privilegia a autonomia da bateria) e o Custom (onde podemos parametrizar). Cada um tem uma característica própria e adequada a cada gosto ou estados d’alma.
Segurança e conforto
O sistema de antiabertura das portas (se vier um carro) é muito importante – é mais um ponto de segurança para todos. Apesar do tamanho, é um carro fácil de manobrar, mesmo em espaços pequenos. Sabemos que é um carro alto e largo, porque transmite essa robustez na condução, mas nem por isso deixa de ser ágil e suave. A insonorização é ótima.
Acho que a Lexus conseguiu fazer bem a transição para o elétrico. Quando um carro é demasiado digital, fica de tal forma confuso que o condutor não se sente à vontade com os comandos, um simples toque e perdemos a rota, muda de música, enfim causa logo uma entropia dentro do carro.
No dia-a-dia, conduzo um carro a combustão e com caixa de velocidades manual, sinto que a passagem para este elétrico se faz bem. Tem uma ótima facilidade de adaptação. É adequado para o meu estilo de condução.
Adaptação e veracidade
Além de muitas coisas boas, diria que a grande mais-valia deste RZ 450e é que uma pessoa não precisa de investir muito do seu tempo, para se capacitar a conduzi-lo. Convivo precisamente com esse público. A nutrição animal, é uma área que lida com pessoas que são muito bem-sucedidas na vida e uma das barreiras da tecnologia é precisamente o investimento de tempo que se tem de fazer, para se adequar e ajustar os parâmetros de um carro muito tecnológico.
Um carro muito complexo, com centenas de opções, perde-se muito tempo até ficar confortável e ter o carro programado à sua maneira. Este é o contrário, o carro já vem programado de uma maneira confortável e simples (sem ser simplista). Depois se quisermos, há um mundo de coisas a explorar, mas o impacto inicial é nulo.
As pessoas que têm estima e valorizam os seus animais, são mais “tradicionais” no sentido de valorizar a qualidade e confiança; assim como eu, apreciam a realidade das coisas. A autonomia que este Lexus informa, é aquela que efetivamente está a cumprir.
Valores da marca
Considero a Lexus uma marca com credibilidade e coerência. Há marcas muito disruptivas no mercado dos elétricos, mas que de repente, baixam os preços dos carros abruptamente sem razão de fundo. Isso desvaloriza a marca e defrauda os clientes.
A Lexus é uma marca que se valoriza e isso nota-se neste RZ, quer pela estética exterior muito aprimorada, quer pelo interior onde é bastante envolvente. Os elétricos tipicamente têm interiores muito despidos: têm um volante e um tablet ao meio do tablier. Este carro tem uma envolvência com os passageiros. Conduzi-o algumas horas e senti que já o conduzo há vários anos. Dá-nos uma confiança genuína, que depois alicia a explorarmos mais a verdadeira dinâmica do carro, com o seus mais de 300cv.
Já tinha conduzido outros carros elétricos e não me tinha sentido deslumbrado. Neste RZ sinto-me deslumbrado. Tem presença e personalidade. Além de um espaço interior abundante, inclusivamente para os ocupantes traseiros. Com este RZ 450e, sinto que é ligar e andar. Tudo funciona bem à primeira, não há uma disrupção que é desconfortável.
Sou uma pessoa muito low-profile, e à partida não pensaria num Lexus para mim. Até conduzir este RZ. Senti-me bem com este carro. Não tem um luxo opressivo ou ostensivo. Transmite bom gosto e uma contemporaneidade inteligente” conclui Vasco Pacheco.