Depois de iniciar em 2019 o processo de transformação da sua frota em Lisboa (à época, com 55 viaturas elétricas), a DPD Portugal continua a investir na ampliação da sua frota de furgões 100% elétricos, devendo incorporar mais 80 unidades até o final deste ano, que irão somar-se às 207 viaturas elétricas atualmente em utilização nas 14 plataformas logísticas da empresa em Portugal.
Em entrevista à Revista Automotive, Rui Nobre, diretor geral adjunto da DPD Portugal, destacou que “há cerca de 5 anos decidimos implementar um plano ambicioso para a redução das emissões da nossa frota, plano este que foi auditado e aprovado pela SBTi (The Science Based Targets initiative), a entidade internacional mais habilitada e capacitada internacionalmente para certificar as empresas que estão a caminhar para a neutralidade carbónica.
Neste plano, a DPD compromete-se a ser uma empresa Net Zero, ou seja, deverá alcançar a neutralidade carbónica até 2040, antecipando em 10 anos as diretivas internacionais do célebre Acordo Climático de Paris, o que significa dizer que até lá iremos reduzir em 90% as nossas emissões e que as restantes 10% serão compensadas. Desde que iniciámos o processo de eletrificação dos nossos furgões, temos vindo a reduzir nas estradas, nas cidades e também nos nossos armazéns, as emissões.

A primeira compra de viaturas 100% elétricas para utilização last mile (última etapa da cadeia logística) envolveu cerca de 80 viaturas, que eram modelos Mercedes-Benz Vans Sprinter com autonomia de 150km, numa triangulação de esforços entre a DPD, a Mercedes-Benz Vans Portugal e a Repsol, esta última na qualidade de fornecedora dos postos de carregamento elétrico que atualmente já somam 300 pontos de carregamento.
Investir na descarbonização
Na última fase de aquisições, incorporámos furgões Ford e-Transit que, na altura, apresentavam autonomias de até 250km, estando ajustadas às extensões das nossas rotas. Com esta próxima fase de aquisição de viaturas (mais 80 unidades), a frota da DPD Portugal irá dispor de 287 furgões 100% elétricos, através da realização de um concurso a ser brevemente anunciado ao mercado.

Pela dimensão das nossas operações de entregas em diversos pontos do país, não podemos dispor de furgões 100% elétricos com autonomias que não estejam ajustadas às nossas rotas. O custo de uma viatura com uma paragem não programada num posto de carregamento, atualmente é bastante elevado nas nossas operações last mile, para além de comprometer o bom funcionamento das nossas plataformas.

É importante salientar: o que nos limita em termos de incorporação de mais furgões 100% elétricos na nossa frota prende-se exclusivamente com a questão tecnológica das marcas, ou seja, está relacionado com as limitações das autonomias atualmente existentes no mercado. Se as marcas disponibilizarem furgões 100% elétricos com mais autonomia, mais rapidamente a DPD avançaria na transformação energética da sua frota.
TCO favorável
Posso adiantar que em termos de Grupo Geopost, onde a DPD está incluída, dispomos de um dos melhores TCO’s (custo total de utilização) da nossa frota 100% elétrica, por comparação com a nossa frota com motor térmico. O nosso TCO está muito ajustado, o que nos dá bons indicadores para continuarmos a nossa caminhada rumo à neutralidade carbónica, das nossas atividades logísticas.
Contudo, neste plano de transição de energética, existe um óbice que não controlamos e que afeta em muito uma tomada de decisão, bem como a definição das nossas rotas e que assenta nas infraestruturas de carregamento dos veículos elétricos. Esta infraestrutura ainda não permite uma cobertura de todo o território nacional. Isto faz com que algumas empresas tenham de criar e investir na sua própria rede de carregamento, como é o caso da DPD, que como já referi, investiu em 300 pontos instalados nas nossas plataformas.

O equilíbrio do TCO dos furgões 100% elétricos, por comparação ao TCO dos nossos furgões com motores térmicos, só é possível porque utilizamos a energia interna. Assim, os nossos 207 furgões elétricos serão integralmente carregados nas nossas plataformas, por forma a evitar o carregamento na rede pública que, como sabemos, tem um custo muito elevado para o utilizador; embora todos os nossos condutores disponham de cartões que permitem efetuar o carregamento fora da nossa rede interna, mas somente em casos muito pontuais.
Dificuldades de infraestrutura
Com a futura incorporação de mais 80 unidades, a nossa frota de furgões 100% elétricos representará cerca de 30% da frota da DPD em Portugal. Contudo, estamos a notar um certo compasso de espera dos operadores do mercado, seja das marcas automóveis ou dos operadores de redes de carregamento e, também alguma falta de informação das marcas de automóveis que, com raras exceções, vão nos dando conta de alguma evolução dos seus modelos ou da melhoria das autonomias.
Também é preciso lembrar as dificuldades técnicas para instalação de uma rede de carregamento dentro das instalações de uma empresa, que passa pela mudança da potencia contratada, da mudança dos quadros e, ainda, do ramal de eletricidade. Quase a totalidade das empresas em Portugal não são construídas de raiz com uma estrutura elétrica capaz de suportar de uma rede própria de carregamento, e de satisfazer internamente o carregamento de uma frota de furgões 100% elétricos.

Neste aspeto a DPD Portugal também está a dar um passo em frente. Na nossa nova sede, a ser inaugurada neste primeiro semestre em Loures, investimos numa estrutura de rede elétrica moderna e capaz de suportar a instalação de carregadores elétricos dentro da nossa plataforma. Dispomos de uma pré-instalação para um total de 112 carregadores, que serão utilizados pelos nossos furgões e também pelas viaturas da nossa frota administrativa. A curto prazo, deveremos concluir a instalação dos primeiros 70 postos de carregamento.
Bem-estar dos motoristas
A nossa frota administrativa também se encontra em transformação. Atualmente estamos a substituir as viaturas a combustão por viaturas eletrificadas e, de futuro, apenas por viaturas 100% elétricas. Quando tudo estiver a funcionar em pleno, os nossos furgões elétricos deverão carregar no período da noite e, as viaturas da nossa frota administrativa carregarão durante o dia, no período normal de trabalho dos nossos funcionários.
Ressalto que a DPD já contribui para que 13 importantes cidades em Portugal estejam descarbonizadas, ou seja, as viaturas da nossa frota que circulam nestas cidades são 100% elétricas e, por assim dizer, com zero emissões de gases de escape. Nesta equação de neutralidade carbónica, devemos incluir a utilização de HVO. A nossa estação de Torres Novas tem a totalidade da frota abastecida por HVO.
Também já estamos a abastecer os nossos camiões com combustíveis provenientes de fontes renováveis. O HVO nos camiões tem uma redução de até 90% de emissões, o que vai de encontro com o nosso compromisso da neutralidade carbónica da nossa frota.

Tão importante quanto o ambiente, são os nossos motoristas e os nossos clientes. Os furgões elétricos vieram trazer um maior bem-estar aos nossos motoristas, que, com base num rigoroso plano de formação, reduziram em muito a sinistralidade das nossas viaturas.
Quanto aos clientes, que são a nossa razão de ser, têm vindo cada vez mais a aderir aos nossos serviços pelo fato das entregas serem feitas com veículos elétricos. Posso inclusive citar o caso da Nespresso, onde as viaturas que utilizamos no transporte dos seus produtos, são exclusivamente furgões 100% elétricos”, finalizou Rui Nobre.
