O evento IAA em Munique continua demonstrativo do estado geral da indústria automóvel europeia: a contradizer-se.
A começar pelo evento em si – que pretendeu seguir o legado do salão IAA em Frankfurt – mas que insiste em espalhar os stands das marcas automóveis pela cidade de Munique. Invés de um espaço único, é preciso circular de carro, metro ou autocarro para ir de uma stand ao outro, complicando a vida a quem pretenda conhecer as novidades do setor. Trocou-se um salão que era a referência mundial nos automóveis, por um evento disperso, feito para turistas.
Quanto às novidades deste ano, destaque para as trocas de estratégia das marcas, modificando com a “idolatria” elétrica. Alguns exemplos: a Smart, que em 2017 anunciou nunca mais produzir motores a combustão, apresentou em Munique o seu modelo #5 que terá uma versão híbrida a combustão. No mesmo sentido, a Porsche (que está imersa numa complexa crise de gestão), anunciou que o seu próximo SUV afinal terá motor a combustão, e que está a rever seriamente o seu compromisso de ter exclusivamente carros elétricos no futuro.
Ainda sobre os ícones da eletrificação, a chinesa BYD, que vive momentos comercialmente conturbados na china (mas registando recordes de vendas na Europa) apresentou no IAA o seu modelo híbrido a combustão Seal 06 DM-i Wagon. Outro exemplo de combustão nas marcas chinesas, destaque para as marcas Omoda e Jaecoo da Chery, que apresentaram modelos PHEV como o Omoda 7, Omoda 9 e o Jaecoo 7.
Também no âmbito das trocas de palavra, destaque para a BMW passou a denominar os seus novos automóveis como “Nova Classe”, incorporando a icónica terminologia “Classe” dos modelos da Mercedes-Benz. A Renault, que este ano já tinha obliterado o seu ícone Renault 5 ao partilhar o mesmo carro com a Nissan (Micra) e com a Alpine (A290), apresentou em Munique o novo modelo Clio. O resultado foi uma dissolução estética do ícone que era o Clio, tornando-o uma mistura de um Ford com BMW e Peugeot.
Por fim, foi quase unânime a indústria automóvel europeia ter manifestado a vontade de rever as metas que se comprometeram com a União Europeia para 2035, por terem chegado à conclusão que, afinal, são irrealistas.





























