O Barómetro Automóvel e de Mobilidade 2025, realizado pela Arval Portugal, revelou diversos aspetos da mobilidade nas empresas portuguesas. De acordo com este estudo anual promovido pelo Arval Mobility Observatory e recentemente apresentado em Portugal, o investimento na frota continua a ser maioritariamente através da compra (41%).
No entanto, tal como evidenciou Gonçalo Cruz (foto), Head of Arval Mobility Observatory, em 2025 cerca de 34% das empresas indicam o renting como modelo preferido para a próxima renovação de frota, reforçando uma tendência de crescimento face a anos anteriores, muito devida às incertezas da transição energética nos automóveis.
Acima da média europeia está o facto de 45% das empresas já utilizarem viaturas usadas na sua frota, onde apenas 26% dessas viaturas é que são partilhadas por mais do que um condutor, sendo por isso a maioria utilizada por apenas um colaborador. Além disso, 43% das empresas indicaram que consideram incluir viaturas usadas (por aquisição ou aluguer) nas suas frotas nos próximos 3 anos.
Assim, se 45% das empresas já usa e 43% considera incluir, significa que há um potencial muito grande de, dentro de 3 anos, cerca de 88% das empresas estarem com viaturas usadas na frota.
Eletrificação
Segundo o estudo, a maioria das empresas (41%) escolhe carros elétricos por uma questão de imagem, sendo que apenas 5% escolhe esses modelos com o objetivo de melhorar a produtividade dos colaboradores.
A Arval no seu estudo não se absteve de tocar tópicos sensíveis, tais como a responsabilidade de instalação de carregadores elétricos, os locais de instalação (casa ou trabalho) e quem deve pagar o custo de carregamento. Nestes tópicos, apenas 18% das empresas apoia atualmente a instalação de carregadores de carros elétricos na casa dos colaboradores.
Sobre quem paga o custo do carregamento elétrico nas instalações das empresas, 58% das empresas referiram que todos os colaboradores pagam; 16% responderam que qualquer colaborador pode carregar sem custo; e 26% afirmou que apenas colaboradores com carro da empresa é que carregam sem custo.
Discussão alargada
Na apresentação do estudo, a Arval convidou um painel de oradores para partilharem os recentes desafios e oportunidades nas frotas. Participaram David Pereira, diretor de Inovação e Serviços na DPD Portugal; Roberto Gaspar, secretário-geral na ANECRA; Fernando Antunes, diretor comercial da KIA na Astara; e José Pedro Pinto, diretor geral da Arval Portugal.
David Pereira, apresentou o percurso pioneiro que a DPD Portugal tem vindo a fazer na eletrificação da sua frota, com a política de um carregador elétrico por cada furgão elétrico. O crescimento da frota 100% elétrica foi tal, que atualmente atingiram o limite máximo de instalação de carregadores nos armazéns da DPD. A alternativa para continuar a eletrificar a frota passará por terem furgões com mais autonomia, não necessitando assim de carregarem todos os dias, possibilitando a utilização de um carregador para dois furgões.
Roberto Gaspar, falando sobre o setor do pós-venda automóvel, referiu que as oficinas estão cada vez mais habilitadas para lidarem com a eletrificação dos veículos mais novos, sabendo, no entanto, que os veículos a combustão ainda terão um peso significativo neste setor. Segundo o responsável, o parque circulante de automóveis em Portugal situa-se nos cerca de 5 milhões de veículos a combustão.
Por sua vez, Fernando Antunes da KIA, apresentou um ambicioso plano de lançamento de furgões 100% elétricos da KIA em Portugal, depois de 15 anos de ausência da marca no segmento dos veículos comerciais ligeiros. Fernando Antunes acredita que os automóveis a combustão que entrarão no mercado em 2027 com a norma Euro 7, terão um preço de tal forma elevado que compensará (em termos de custos) a opção pelo carro elétrico.
Sobre este tópico, de forma geral, a Revista Automotive tem obtido de várias fontes das diversas empresas gestoras de frota, que os carros elétricos têm sido (na maioria dos casos) negócios com margem negativa. Pelo rápido avanço tecnológico dos carros elétricos – gerando célere obsolescência dos modelos anteriores – as gestoras de frota não têm conseguido rentabilizar os carros elétricos. O baixo valor dos usados (que tem refletido essa obsolescência), tem representado uma desvalorização muito acima do previsto pelas gestoras de frota, não sendo esta desvalorização coberta pelo valor das rendas cobradas aos frotistas.
Evidenciando este facto, e em jeito de conclusão, José Pedro Pinto, referiu no evento que “só irá acontecer uma massificação nas frotas dos carros elétricos, quando o valor destes carros elétricos usados for superior ao que tendencialmente tem acontecido”.
