O fabricante de baterias Varta AG está em dificuldades financeiras e registou um processo de reestruturação de pré-insolvência, no tribunal distrital de Estugarda, segundo o comunicado oficial da empresa
Desde que os planos para reestruturar a empresa foram conhecidos, tem havido um aceso debate na Alemanha. Para proteger a empresa da falência, a Varta quer utilizar a nova Lei de Estabilização e Reestruturação Corporativa Alemã (StaRUG). Foi apresentado um pedido correspondente, mas ainda não é claro como será exatamente a reestruturação. Estão em causa 4200 postos de trabalho.
Segundo os analistas, uma coisa é certa: com o StaRUG, a Varta será retirada da bolsa e os acionistas não terão direito a nenhuma compensação. Caso aconteça, será uma expropriação virtual de dezenas de milhares de pequenos investidores.
Desaceleração dos carros elétricos
Em 2021, quando ainda havia muito entusiasmo (leia-se especulação) sobre o potencial dos carros elétricos na Europa e no armazenamento de energia em baterias, as ações da Varta chegaram a um máximo histórico de quase 200 euros. Agora, valem cerca de 2 euros.
Martin Weber, investigador financeiro da Universidade de Mannheim, referiu ao Spiegel que “a investigação mostra que os pequenos investidores geralmente têm perdas quando investem em modas e este é mais um caso”.
Cerca de 12 meses para evitar a falência
A dívida conhecida da Varta é de quase 500 milhões de euros e deverá ter uma rápida injeção de capital de quase 100 milhões de euros para evitar a falência em 12 meses, segundo o novo CEO Michael Ostermann, que foi contratado como gestor de reestruturação da Varta AG.
Graças à Lei de Estabilização e Reestruturação Corporativa da Alemanha (StaRUG) poderá evitar-se que uma empresa operacionalmente viável caia na insolvência. A Leoni, fornecedora de automóveis de Nuremberga, reestruturou-se desta forma no ano passado. Também aí os acionistas perderam tudo, o que foi recebido com fortes críticas por parte dos defensores dos investidores.
As consequências para os accionistas poderão ser dramáticas, e o potencial de conflito é enorme. Vários escritórios de advogados estão a envolver-se em ações contra a Varta nos tribunais alemães.
Um final amargo para uma história centenária
A Varta AG foi fundada em 1887 como produtora de baterias de chumbo. O grupo é agora constituído por três subsidiárias: Varta Microbattery, VARTA Consumer Batteries GmbH & Co. KGaA e Varta Storage GmbH.
No total, a Varta emprega 4.200 colaboradores em 75 países. Os locais centrais de produção são na Alemanha, Roménia, Indonésia e China. De salientar que a marca “Varta” que comercializa baterias de arranque para automóveis, é propriedade da Johnson Controls.