Estivemos em Madrid, na sede da MAN Truck&Bus Ibéria, para realizar o teste do novo MAN TGX18.520. A nova geração de camiões TGX foi lançada no ano de 2020 em plena pandemia, ou melhor, o seu lançamento teve lugar uma semana antes do lockdown geral, onde a Revista Automotive participou e a repercussão do artigo foi tão boa, que a nova geração de camiões TGX da MAN acabou por conquistar o Prémio Camião do Ano 2021 em Portugal.
Na altura do seu lançamento, os TGX apresentaram uma evolução significativa em termos de motorizações, cabine, interiores, sistemas de assistência à condução e telemática. Estas novidades foram abordadas ao detalhe em 2021, num vídeo realizado pela Revista Automotive, onde testámos em condições reais de utilização do MAN TGX, com a empresa Transportes Gama.
Foram precisos dois anos para termos a oportunidade de testar novamente um camião da MAN, e justamente do modelo TGX. Mais equipado, e mais bem preparado para minimizar os consumos, o novo TGX conta com um excelente ambiente a bordo, e ainda mais evoluído em termos de segurança.
Aerodinâmica
As grandes novidades passam agora por um pilar A da cabine mais arredondado, e por novos spoilers na cabine para melhorar o fluxo de ar, diminuindo a resistência com impacto positivo nos consumos. Ainda no âmbito da resistência ao ar, os espelhos retrovisores convencionais foram substituídos por câmaras de filmar, contribuindo para uma melhor aerodinâmica da cabine.
A unidade tratora TGX utilizada neste teste, estava acoplada a um semirreboque isotérmico da Kögel, com implementos (spoilers) laterais com grande performance aerodinâmica, o que possibilita alcançar uma redução dos consumos em até 1,5lts/100km.
Quanto à motorização, a potência máxima do TGX era de 510cv, sendo que com a nova motorização incorporada, é possível chegar aos 520cv. Houve assim um acrescento de 10cv na potência, com um surpreendente aumento de 50Nm no binário.
No interior da cabine, o TGX manteve o bom conforto e qualidade dos materiais. A grande novidade são os ecrãs interiores, sengo agora possível visualizar o que as câmaras de filmar captam exteriormente, com grande amplitude. Essa captação é maior do que as câmaras de filmar de outras marcas de camiões que já testámos. Ainda antes de sairmos para a estrada, notámos a grande vantagem deste sistema, pois facilita a visualização mesmo de zonas mais escuras, como é o caso dos locais cais de descarga.

Condução em estrada
Partimos à condução deste MAN, num percurso de 1h30 nas autoestradas à volta de Madrid. A adaptação às câmaras (ao invés dos espelhos retrovisores) foi algo complexa, e só atingida depois de cerca de 30 minutos de condução. As câmaras mostram um angulo de visualização superior a 180º, o que significa que vemos desde o final do semirreboque até à frente do camião. O mesmo acontece com o movimento do trânsito que nos circunda, pelo que o impacto inicial de vermos num ecrã tantos carros à volta do camião, é algo que demoramos a habituar-nos.

No entanto, e passado o tempo de adaptação, notamos que é possível configurar a tipologia de visualização das câmaras, para que evidenciem mais (ou menos) os ângulos mortos nos ecrãs. Dependendo da modalidade escolhida, existirá mais (ou menos) distorção visual nos ecrãs. Esta é uma vantagem pois permite ao motorista, ajustar a visualização consoante o seu estilo de condução.

Outro aspeto de realçar é o ecrã central no tablier que, para além de ter maiores dimensões, apresenta uma melhor alternância entre o sistema de navegação e as outras funções do camião, de forma automática. Neste ecrã, também é possível ver as imagens da câmara de filmar posicionada à frente do camião, que entra em funcionamento automaticamente, abaixo dos 10km/h.

Mais potência com menos consumo
No que diz respeito à motorização, não se nota na condução o aumento, quer da potência, quer do binário. Contudo, foi nos consumos que mais evidenciou-se esse upgrade deste motor: em apenas 1h30 de condução, e com um peso total de 40 toneladas, conseguimos registar a incrível marca de consumo de apenas 24,5lt/100km.
É um consumo melhor do que esperávamos, tendo em conta que esta não é uma motorização de 460cv (tipicamente mais económica nos consumos), e sim de 520cv. Para esses bons consumos, contribuíram uma série de novos componentes do motor MAN, bem como uma nova caixa de velocidades da ZF (e não a “tradicional” do grupo TRATON) e, também, o desenho do semirreboque. Outro ponto necessário para atingir estes consumos, foi a velocidade estipulada no cruise control: 82km/h e a escolha do programa ECO, no seu nível máximo (3).

Sendo uma evolução da já premiada geração TGX, este novo modelo 18.520 tem as características necessárias para continuar a ser uma referência nas frotas nacionais. Naturalmente, há uma maior exigência técnica quanto ao estilo de condução do motorista, para que se consiga usufruir da segurança das novas câmaras de filmar, bem como para atingir consumos mais baixos.
Assim, as evoluções tecnológicas destes novos TGX deverão requerer uma maior formação dos motoristas para a sua correta utilização, com claros benefícios para o seu bem-estar nas estradas e rentabilidade do seu trabalho, com redução dos consumos.
